quarta-feira, 9 de março de 2011

ANTIGO EGITO 2

A economia do Antigo Egito era baseada na agricultura,[106] no entanto, outras atividades como pecuária, caça, pesca, artesanato, comércio e extração mineral também foram importantes.

[editar]Agricultura

Pintura mural de um túmulo retratando trabalhadores arando os campos, a colheita das culturas e a debulha de cereais sob a direção de um supervisor.

Uma combinação de características geográficas favoráveis contribuiu para o sucesso da cultura egípcia, a mais importante das quais era o solo rio e fértil resultante de enchentes anuais do Rio Nilo. Os antigos egípcios foram, assim, capazes de produzir uma abundância de alimentos, permitindo que a população dedicasse mais tempo e recursos para as atividades culturais, tecnológicas e artísticas. A gestão da terra foi crucial no Antigo Egito, porque os impostos foram avaliados com base na quantidade de terras em posse de uma pessoa.[107] Em teoria todas as terras pertenciam ao rei, mas a propriedade privada foi uma realidade.

A agricultura no Egito foi dependente do ciclo do Rio Nilo. Os egípcios reconheceram três estações: Akhet (inundação), Peret (plantio) e Shemu (colheita).[93] A estação chuvosa dura dejulho a outubro, depositando nas margens do Nilo, uma camada de lodo rico em minerais para o cultivo.[90] Após a redução do nível do rio, a estação de plantio foi de novembro a fevereiro. Agricultores aravam a terra por um arado puxado por bois e plantavam as sementes, que foram irrigadas com diques e canais.[85][90] O Egito recebeu pouca chuva, então os agricultores se basearam no Nilo para regar as culturas.[108] De março a junho, os agricultores usaram foicespara suas colheitas, que foram depois debulhadas com um mangual ou com a pata dos bois para separar a palha do grão. Os grãos foram usados para fabricar cerveja ou armazenados em sacas nos celeiros reais para posterior distribuição..[109]

Os antigos egípcios cultivaram trigo e cevada e vários outros cereais, todos usados para produção de pão, biscoitos, bolos e cerveja.[110][111] Linho, arrancado antes da floração, foi cultivado para extração da fibra de seu caule. Estas fibras foram divididas juntas e foram usadas para tecer lençóis de linho e para fazer roupa. Papiro que cresceu nas margens do Nilo foi usado para fazer papel.[112] Legumes e frutas foram cultivadas em hortas perto das casas em solo elevado, e tiveram de ser regadas com a mão. Uvas foram transformado em vinho.[113] Ainda foram plantados algodão, favas, alface, grão-de-bico, azeitonas, gergelim, pepinos, jujubas, alfarrobas, cebolas, alho-poró, tomilhos, maças,papoulas, alecrim, orégano, mirto, figos, tâmaras, lentilhas, feijão, melancias, melões, romã, laranjas, bananas, limões, pêssegosetc.[114][110]

Assim era praticada a horticultura, sendo produzidos alho, cebola, pepino, alface e outras verduras e legumes; também eram plantadas árvores frutíferas e videiras. (...) O Egito era um dos "formigueiros humanos" do mundo antigo, em virtude da sua extraordinária fertilidade renovada anualmente pelos aluviões [cheias] do Nilo. Sendo a vida agrícola inteiramente dependente da inundação, quando esta faltava ou era insuficiente ocorria a fome - apesar das reservas acumuladas pelo Estado - e morriam milhares de pessoas. Temos muitos documentos escritos (e às vezes pictóricos) que se referem a tais épocas calamitosas. Numa delas, (...) segundo parece, houve casos de canibalismo. -Ciro Flamarion S. Cardoso. O Egito Antigo. São Paulo, Brasiliense, 1986.[115]

[editar]Criação animal

Detalhe de pintura mural no túmulo do funcionário Sennedjem (XIX dinastia), c. 1200 a.C.

Os egípcios acreditavam que uma relação equilibrada entre pessoas e animais era um elemento essencial da ordem cósmica, assim os seres humanos, animais e plantas acreditavam serem membros de um todo.[116] Animais, tanto domésticos como selvagens, foram, portanto, uma fonte essencial de espiritualidade, companheirismo, e sustento para os antigos egípcios. Os bovinos foram os animais mais importantes; a administração coletava impostos sobre o gado nos censos regulares, e o tamanho de um rebanho refletia o prestígio e a importância da propriedade ou do tempo que o possuía. Além do gado, os antigos egípcios apascentavam caprinos, ovinos e suínos. Aves comopatos, gansos e pombos foram capturados em redes e foram criados em fazendas, onde foram alimentados à força com massa para engordá-los.[117] As abelhas também foram domesticadas, pelo menos desde o Império Antigo, e elas forneciam tanto mel como cera.[118] Também foram domesticados hienas e guepardos para a caça.[119]

Os egípcios usavam burros e bois como animais de carga, e eles foram responsáveis por lavrar os campos e debulhar as sementes do solo. O abate de um boi gordo, era também uma parte central de um ritual de oferenda.[117] Cavalos foram introduzidos pelos hicsos no segundo período intermediário, e o camelo, apesar de ser conhecido a partir do Império Novo, não foi usado como um animal de carga até a Época Baixa. Há também evidências que sugerem que os elefantes foram brevemente utilizados na Época Baixa, mas praticamente foram abandonados devido a falta de pastagens.[117] Cães, gatos e macacos eram animais comuns de estimação, enquanto animais de estimação mais exóticos importados a partir do coração da África, como leões, estavam reservados para a realeza. Heródoto observou que os egípcios foram os únicos a manter seus animais com eles em suas casas.[116] Durante o período pré-dinástico e nos período posteriores, o culto dos deuses em sua forma animal era extremamente popular, como a deusa gato Bastet e o deus íbis Thoth, e esse animais foram criados em grande número nas fazendas a fim de serem sacrificados.[120]

Os egípcios foram muito ativos nas suas tentativas de domesticação de animais (...). Chegavam a experimentar hienas, antílopes, gruas e pelicanos! O gado maior - bois, asnos; (...) - servia em primeiro lugar para puxar o arado, para separar os grãos da palha e para o transporte. O cavalo era usado para puxar carros, e não montado. Vacas e bois eram usados também para a alimentação (carne, leite) e sacrificados aos deuses. (...) O gado menor compreendia ovelhas, cabras e porcos. (...) -Ciro Flamarion S. Cardoso. O Egito Antigo. São Paulo, Brasiliense, 1986.[121]

[editar]Caça e pesca

Os egípcios caçavam lebres, antílopes, hipopótamos e crocodilos.[110] O Nilo proporcionou uma fonte abundante de peixes, onde eles pescavam carpa, pescada e tilápia.[110]

A agricultura e a criação eram complementadas pela pesca (...), praticada no Nilo, nos pântanos e nos canais com rede, anzol, nassa e arpão. Boa parte dos peixes era secado ao sol. Também a caça era praticada no deserto e nos pântanos, usando-se para tal o cão, o arco e o laço, e capturando-se aves selvagens com redes. -Ciro Flamarion S. Cardoso. O Egito Antigo. São Paulo, Brasiliense, 1986.[122]

[editar]Artesanato

Joias, tecidos, móveis, armas, perfumes, objetos decorativos, estátuas votivas e reais, objetos de uso doméstico etc. são alguns dos exemplos de produtos fabricados.[123][124] As matérias-primas empregadas foram argila, pedras, marfim, madeira e metais.[110]

A atividade artesanal desenvolvia-se, em primeiro lugar, em função das matérias-primas fornecidas pelo rio e pelas atividades agrícolas e de coleta: fabricação de tijolos e de vasilhame com argila úmida do Nilo, recolhida logo depois da inundação; fabricação de pão e da cerveja de cereais; produção de vinho de uma e de tâmara; fiação e tecelagem do linho; indústrias de couro; utilização do papiro e da madeira para produções diversas (material para escrever, cordas, redes, embarcações, móveis, portas etc).
(...) O artesanato egípcio organizava-se em dois níveis. Nas proximidades rurais e nas aldeias existiam oficinas que produziam tecidos grosseiros, vasilhas utilitárias, tijolos, artigos de couro, produtos alimentícios (pão, cerveja) etc. Já o artesanato de luxo, de alta especialização e qualidade excepcional - ourivesaria, metalurgia, fabricação de vasos de pedra dura ou alabastro, faiança, móveis, tecidos finos, barcos, pintura e escultura etc.-, concentrava-se em oficinas mais importantes, pertencentes aos reis e aos templos. (...) -Ciro Flamarion S. Cardoso. O Egito Antigo. São Paulo, Brasiliense, 1986.[125]

[editar]Mineração

O Egito é rico em pedras de decoração e construção, cobre e minérios de chumbo, ouro e pedras semipreciosas. Estes recursos naturaispermitiram aos egípcios construir monumentos, esculpir estátuas, fazer ferramentas e jóias fashions.[126] Os embalsamadores utilizavamsais de Wadi El Natrun (natrão) para mumificação, que também proporcionou a gipsita necessária para fazer gesso.[127] Formações rochosas de minérios foram encontradas a distância, em barrancos inóspitos do Deserto Oriental e no Sinai, exigindo grandes expedições controladas pelo Estado para obter os recursos naturais ali encontrados. Havia extensas minas de ouro na Núbia, e um dos primeiros mapas conhecidos é de uma mina de ouro na região. Wadi Hammamat foi uma notável fonte de granito, grauvaque e ouro. Sílex foi o primeiro mineral coletado e usado para fazer ferramentas e machadinhas de pedra e as primeiras evidências de habitação no Vale do Nilo. Nódulos do mineral foram cuidadosamente lascados para fazer lâminas e pontas de flechas, mesmo depois do cobre ser usado para essa finalidade.[128]

Os egípcios trabalharam em depósitos de minério de chumbo e galena em Gebel Rosas para fazer chumbo líquido, prumo e pequenas figuras. O cobre foi o material mais importante para a fabricação de ferramentas no Antigo Egito e foi fundido em fornos de minério demalaquita e turquesa extraída do Sinai.[129] Trabalhadores coletaram através da lavagem de ouro, pepitas de sedimentos em depósitos aluviais, ou pelo processo mais trabalhoso de moagem e lavagem de quartzito de ouro. Depósitos de ferro encontrados no norte do Egito, foram utilizados na Época Baixa.[130] Pedras de construção de alta qualidade eram abundantes no Egito; os antigos egípcios conseguiramcalcário ao longo do Vale do Nilo, granito de Assuão, basalto e arenito dos barrancos do Deserto Oriental. Depósitos de pedras decorativas, tais como pórfiro, quartzo, feldspato verde, ágata, grauvaque, alabastro e cornalina pontilhada dos Desertos Oriental e Ocidental foram coletadas antes mesmo da primeira dinastia. Nos período Ptolomaico e Romano, os mineiros trabalharam em jazidas de esmeraldas de Wadi Sikait e ametista em Wadi el-Hudi.[131]

[editar]Comércio

Grande parte da economia estava organizada a nível central estritamente controlada. Embora os antigos egípcios não utilizassem moedasaté a Época Baixa, eles fizeram uso de um sistema de troca de dinheiro,[132] com sacas de grãos com padrão e o deben, um peso de cerca de 91 gramas (3 oz) de cobre ou prata, formando um denominador comum.[133] Os trabalhadores foram pagos com grãos; um simples operário podia ganhar 5½ sacas (250 kg ou 400 lb) de grãos por mês, enquanto um capataz podia ganhar 7½ sacas (250 kg ou 550 lb). Os preços foram fixados em todo o país e registrados e listas para facilitar a negociação, como por exemplo uma camisa custa cinco deben de cobre, enquanto uma vaca custa 140 deben.[133] Grãos podiam ser trocados por outras mercadorias, de acordo com a lista de preço fixo.[133] Durante o século V a.C. o dinheiro foi introduzido no Egito por estrangeiros. As primeiras moedas eram usadas como peças padronizadas de metais preciosos e não como dinheiro verdadeiro, mas nos séculos seguintes trocas internacionais passaram a depender das moedas.[134]

Os antigos egípcios estiveram envolvidos no comércio com seus vizinhos estrangeiros para obter mercadorias raras e exóticas não encontradas no Egito. No período pré-dinástico, estabeleceram o comércio com a Núbia para a obtenção de ouro, plumas de avestruz, as peles de leopardo, incenso e marfim.[135] Eles também estabeleceram o comércio com a Palestina, como evidenciado por jarros de óleos de estilo palestino encontrados nos sepultamentos dos faraós da primeira dinastia.[136] Uma colônia egípcia estacionada no sul de Canaã data para pouco antes da primeira dinastia.[137] Narmer havia produzido cerâmica egípcia em Canaã e exportou de volta para o Egito.[138]

O mais tardar pela segunda dinastia, o comércio do Antigo Egito com Biblos rendeu uma fonte crítica de madeira de boa qualidade não encontrada no Egito. Pela quinta dinastia, o comércio com Punt abasteceu o Egito com ouro, resinas aromáticas, ébano, marfim, animais silvestres, como macacos e babuínos.[139] O Egito realizou comércio com a Anatólia para adquirir quantidades essenciais de estanho bem como para o fornecimento suplementar de cobre, dois metais que são necessários para a fabricação de bronze. Os antigos egípcios valorizaram a pedra azul lápis-lazúli, que tinha de ser importada do distante Afeganistão. Os parceiros do Egito no comércio Mediterrâneo também incluem Creta e a Grécia, que fornecia, entre outras mercadorias, suprimentos de azeite.[140] Em troca de suas importações de luxo e de matérias-primas, o Egito exportava principalmente grãos, ouro, linho e papiro, além de outros produtos acabados, incluindo objetos de vidro e pedra.[141]

[editar]Sociedade

A sociedade do Antigo Egipto apresentava uma estrutura fortemente hierarquizada, o que formou uma pirâmide social.[142][143]

[editar]Hierarquia social

O faraó representava a própria vida do Egito, sendo o top da hierarquia da nação. Era o deus vivo, adorado e reverenciado. Na foto estátua de Tutmés III, no Museu Egípciodo Cairo.

No topo estava o faraó, considerado um deus vivo.[144][142] Tinha poderes absolutos e era dono de todas as terras.[142][145] Ele tomava decisões militares, religiosas, econômicas e judiciárias.[146]Em períodos de cheia o faraó ordenava que a população exercesse outras funções com construção de obras públicas.[147]

O rei vivo era encarado como uma personificação do deus Hórus, enquanto que o rei morto que o tinha antecedido era associado a Osíris, pai de Hórus, independentemente de existir uma relação familiar entre soberanos.[110] A partir da V dinastia os reis apresentam-se também como filhos de, o deus solar.

Os faraós possuia várias insígnias: o pschent (a união das coroas do Alto e Baixo Egito), os cetros crossa e fragelo, o nemés (ornamento para cabeça decorado com uma cobra [Baixo Egito] e um abutre [Alto Egito]) e a barba postiça.[145] O faraó poderia ser simbolicamente representado como uma esfinge, e era associado a animais como a pantera, o leão e o boi.

A palavra faraó, vinda do egípcio per aâ, significa "Casa Grande".[145] Tornou-se o nome oficial dos líderes do Egito apenas durante a XVIII dinastia, pois, até este momento, habitualmente os líderes gostavam de referir-se a si mesmo de nesu (rei) ou neb (senhor). A partir da V dinastia a titulaturado reis incluía cinco nomes reais: nome de Hórus, nome das Duas Mestras, nome de Hórus de Ouro, prenome e nome.[145]

Os faraós tinham muitas mulheres e filhos.[145] Sua mulher principal , denominada hemet nesut, "esposa do rei", podia ser sua irmã ou uma de suas filhas.[145]

Abaixo do faraó a população foi divida em duas classes: dominantes e dominados.

[editar]Dominantes

Eram conhecidos como "classe do saiote branco", em referência ao vestário de linho decorado que serviu como uma marca de sua categoria.[148]

  • Vizires: controlavam o arrecadamento de impostos, fiscalizavam as construções, as obras públicas, os celeiros reais, participavam do alto tribunal de justiça e chefiavam a polícia e as tropas.[146][149]
  • Sacerdotes: administravam os templos, cultos e as festas religiosas, eram conselheiros dos faraós e gozavam de terras, isenção de impostos e prestígio.[146][142]
Estátua de um escriba sentado (IV dinastia, c. 2620-2500 a.C.)
  • Escribas: cobravam impostos, organizavam as leis e a escrita, determinavam o valor das terras, copiavam poemas, hinos e histórias, escreviam cartas, realizavam censos populacionais e calculavam os estoques de alimentos, produção agrícola, tamanho de terras aráveis, atividades comerciais, de soldados, necessidades do palácio etc.[146][149][142][145] Havia escola de escribas.[145]
  • Grandes comerciantes: dominavam o comércio externo.[149]

[editar]Dominados

  • Soldados: recebiam produtos por serviços prestados e tomavam espólios de saques; não atingiam altos postos no exército.[142]
  • Artesãos: eram pintores, couristas, barbeiros, tecelões, cozinheiros, barqueiros, ceramistas, mercenários, escultores, joalheiros, ferreiros, desenhistas, pedreiros, ourives, carpinteiros etc.[142][149] Trabalhavam especialmente para os reis, nobreza e para os templos.[142] Recebiam alimentos e matéria-prima.[146]
  • Pequenos comerciantes: vendiam produtos nos mercados das cidades.[149]
  • Camponeses: ou félas formavam a maior parte da população e eram agricultores, pecuaristas e pescadores.[146][142][143] Mesmo sendo eles os produtores, os produtos agrícolas foram propriedade direta do Estado, dos templos ou da família nobre que possuía a terra.[150] Os camponeses também foram sujeitos a um imposto sobre o trabalho e foram obrigados a trabalhar em na construção de obras públicas e limpeza de canais de água em um sistema de corveia.[151] Também eram obrigados a trabalhar nos transportes e, às vezes, no exército.[146][142][143] Recebiam parte das colheitas.[152]
  • Escravos: cativos ou condenados da justiça, trabalhavam em atividades domésticas, públicas ou religiosas.[153][149] Gozavam de direitos civís e aprendiam o egípcio.[143][154] No entanto, atualmente não existe conclusões acerca de quanto a agricultura foi importante para o Estado egípcio.[155] Em egípcio, escravo significa hemu e baku.[154]

[editar]Mulheres

Os antigos egípcios viam homens e mulheres, incluindo as pessoas de todas as classes sociais, exceto os escravos, como essencialmente iguais perante a lei, e até mesmo o mais humilde camponês tinha direito de petição ao vizir e sua corte para reparação.[103] Tanto homens quanto mulheres tiveram o direito de possuir e vender imóveis, fazer contratos, casar e divorciar, receber herança, e prosseguir litígios em tribunal. Os casais podem possuir bens em conjunto e se proteger de divórcio por concordar com contratos de casamento, que estipulava as obrigações financeiras do marido para com a esposa e com as crianças ao final do casamento. As mulheres egípcias tinham uma maior gama de escolhas pessoais e oportunidades de realização. Podiam ser da realeza, trabalhar no palácio como amas-de-leite, concubinas ouescançãs (servidoras de vinho do faraó) e nos tempos desde cantoras à sacerdotisas.[156] Outras exerciam poderes divinos como esposas de Amon. Apesar destas liberdades, as mulheres egípcias antigas, muitas vezes não participavam em papéis oficiais da administração, servindo apenas em papéis secundários nas têmporas, e não foram tão susceptíveis de serem tão educados quanto os homens.[103]

Quando o marido falecia, as mulheres assumiam a chefia familiar e, no caso dos faraós, o Estado.[156] Mulheres, como Hatshepsut eCleópatra chegaram a tornar-se faraós. As mulheres podiam receber herança paterna.[156] Normalmente, o filho mais velho assumia o trono faraônico após a morte de seu pai, no entanto, quando só havia filhas como sucessoras ao trono, a mais velha deveria casar para seu marido assumir o trono.[156]

Representações pictóricas de mulheres com a cor amarela, indica, entre outras coisas, uma menor exposição ao sol do que o vermelho dos homens e, por isso, uma existência mais fechada. É possível que não fosse seguro às mulheres aventurarem-se a sair. Ramsés III, em um texto, afirma: "Tornei possível à mulher egípcia seguir o seu caminho, podendo as suas viagens prolongar-se até onde ela quiser, sem que qualquer outra pessoa a assalte na estrada".

Seja como for, (...) a mulher egípcia era sui juris, podendo dispor livremente de seus bens, intentar processos na justiça, tomar a iniciativa do divórcio tanto quanto o homem, desempenhar um papel ativo em diversas atividades produtivas, de serviços e eventualmente de gestão, emfim ir e vir com ampla liberdade. Havia, sem dúvida, certas limitações. Assim, por exemplo, se no século III a.C. achamos mulheres que desempenham funções administrativas ou sacerdotais das quais dependem bens e pessoas pertencentes ao palácio e aos templos, isto diminui muito nos períodos posteriores. Mesmo para o Reino Antigo, a presença de mulheres naquelas funções sempre foi quantativamente muito inferior à dos homens. Em outras palavras, a direção da vida pública sempre esteve maciçamente em mão masculinas; e tal tendência se fortaleceu com o tempo.
Na vida privada, porém, em termo gerais, se mantiveram os amplos direitos da mulher: igual participação na herança paterna e materna, controle sobre os seus bens pessoais (mesmo quando geridos pelo marido, situação bastante corrente) etc, É certo, entretanto, que a mulher era encarada como tendo uma vocação essencialmente doméstica (...) ligada seja à admistração da casa (...), seja à realização de tarefas no seuâmbito: fabricação de pão e cerveja, manufatura de fios e tecidos. (...) Com maior frequência, era o homem que intervinha em transações e, em geral, na gestão do patrimônio familiar, embora a intervenção direta da mulher fosse considerada algo normal em muitos casos, por exemplo, ao estar ausente o marido, ou na sua incapacidade, ou ainda durante a viuvez, sendo os filhos menores. - Ciro Flamarion Cardoso Algumas visões da mulher na literatura do Egito faraônico (II milênio a.C.). Citado em: História. São Paulo: UNESP, 1993, v. 12. p. 103-5.[157]

[editar]Família

A sociedade egípcia era patriarcal, com o homem administrando o lar, com participação da mulher, e decidindo os herdeiros de seu testamento.[158] Os anciãos eram consutados e honrados após a morte.[158]

[editar]Casamento

Um casal com o seu filho (IV Dinastia).

O casamento era monogâmico e não era sancionado pela religião. Não existia uma cerimônia de casamento, nem um registro deste. Aparentemente bastava um casal afirmar que queria coabitar para que a união fosse aceite. Os homens casavam por volta dos dezesseis, dezoito anos e as mulheres por volta dos doze, catorze anos.

Por serem as mulheres as transmissoras do sangue real, como forma de legitimação do poder, houve casamento entre irmãos.[159] Também houve casamento entre o faraó e uma de suas filhas.[159]

Os homens com uma posição econômica mais elevada poderiam ter, para além da esposa legítima (nebet-per, "a senhora da casa"), várias concubinas, o que era visto como um sinal de riqueza. No entanto, se as mulheres tivesse mais de um homem elas eram assassinadas.[160]

Na corte faraônica existiram casos de bigamia e de poligamia, onde o rei, para além da esposa principal, mantinha várias esposas secundárias e amantes.[159] Um dos casos mais conhecidos foi o de Ramsés II, que para além de ter tido como esposa principal Nefertari, teve outras mulheres, tendo assim 110 filhos.[159]

O casamento no Antigo Egito não era sancionado por qualquer ritual religioso ou ato administrativo. Tratava-se de um ato social, selado por festividades que envolviam a comunidade num nível estritamente local. Em suma, a natureza do matrimônio era secular e, em si mesma, não tinha caráter jurícido. Recentemente foi demonstrado (...) que as mesmas características se estendiam ao comportamento conjugal, assunto privado dos cônjuges. O Estado só intervinha, eventualmente, em questões de adultério no sentido de manter a ordem pública - limitando, por exemplo, a vingança privada. - Ciro Flamarion Cardoso Algumas visões da mulher na literatura do Egito faraônico (II milênio a.C.). Citado em: História. São Paulo: UNESP, 1993, v. 12. p. 103-5.[157]

[editar]Prostituição

Houve menção em papiros e ostracas de prostituição a beira do Nilo.[161]

[editar]Língua e escrita egípcia

[editar]Desenvolvimento histórico

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A língua egípcia é uma língua afro-asiática setentrional intimamente relacionada com o berber e aslínguas semíticas.[162] Ela tem a segunda maior história de uma língua (depois do sumério), tendo sido escrita a partir de 3200 a.C. até a Idade Média, permanecendo como uma língua falada por mais tempo. As fases no Antigo Egito são egípcio arcaico, egípcio antigo, egípcio médio (egípcio clássico), egípcio tardio, demótica e copta.[163] Os escritos egípcios não apresentam diferenças antes do dialeto copta, no entanto, provavelmente, era falado em dialetos regionais em torno deMênfis e depois de Tebas.[164]

O egípcio antigo foi uma língua sintética, tornando-se posteriormente em uma língua mais analítica. O egípcio tardio desenvolveu artigosprefixais definidos e indefinidos, que substituem os sufixos flexionais mais velhos. Há uma mudança da velha ordem Verbo Sujeito Objetopara Sujeito Verbo Objeto.[165] Os hieróglifos egípcios, a hierática e a demótica foram eventualmente substituídos pelo alfabeto copta, mais fonético. O copta ainda é usado na liturgia da Igreja Ortodoxa do Egito, e vestígios dela são encontrados no moderno árabe egípcio.[166]

[editar]Som e gramática

O egípcio antigo tem 25 consoantes similares aos de outras línguas afro-asiáticas. Estes incluem consoantes faríngeas e enfáticas,oclusivas sonoras e surdas, fricativas surdas e africativas surdas e sonoras. Têm três vogais longas e três vogais curtas, que se expandiram no egípcio tardio para cerca de nove.[167] Uma palavra básica em egípcio, semelhante ao berber e semita, tem consoantes e semi-consoantes de raiz triliteral e biliteral. Sufixos são adicionados para formar palavras. A conjugação verbal corresponde à pessoa. Por exemplo, o esqueleto triconsonantal S-Ḏ-M é o núcleo semântico da palavra "ouvir"; sua base conjugal é {{{2}}} 'ele houve'. Se o sujeito é um substantivo, sufixos não são adicionados ao verbo:[168] sḏm ḥmt 'a mulher ouve'.

Os adjetivos são derivados de substantivos por um processo que os egiptólogos chamam nisbação devido a sua semelhança com o árabe.[169] A ordem das palavras em frases verbais e adjetivas é PREDICADO-SUJEITO, e SUJEITO-PREDICADO em frases nominais e adverbiais.[170] O sujeito pode ser movido para o início das frases se é longo e é seguido por um pronome resumptivo.[171] Verbos e substantivos são negados por uma partícula n, mas nn é usado para frases adverbiais e adjetivas. O acento tônico recai sobre a última ou penúltima sílaba, que poder ser aberta (CV) ou fechada (CVC).[172]

[editar]Escrita

Ver artigos principais: Hieróglifos, Hierático e Demótica.
A Pedra de Roseta, artefato que permitiu aos linguistas traduzir os hieróglifos egípcios[173]

A escrita hieroglífica datada de 3200 a.C. é composta de cerca de 500 símbolos, que podiam ser representações de animais, plantas, pessoas ou partes do corpo e utensílios utilizados pelos egípcios.[174] Um hieróglifo pode ser uma palavra, um som ou silêncio determinante; e o mesmo símbolo pode servir a diferentes propósitos em contextos diferentes.[175] Os hieróglifos foram uma escrita formal, usados em papiros, monumentos de pedra e nos túmulos, que podem ser tão detalhados como obras de arte. No dia-a-dia, os escribas usavam uma forma de escrita cursiva, chamada hierática, que foi mais simples e rápida, escrita em pedras, papiros e placas de madeira.[97] Enquanto os formais hieróglifos podem ser lidos em linhas ou colunas em qualquer direção (embora, geralmente, escritos da direita para a esquerda),[175] a hierática era sempre escrita da direita para a esquerda, geralmente em linhas horizontais. Para se saber a direção a qual se devia ler os hieróglifos, era preciso olhar para a direção a qual as figuras humanas ou de pássaros estavam olhando, pois são estes que mostram o inicio do texto.[175] Uma nova forma de escrita surgida no século VII a.C., a demótica, tornou-se o estilo de escrita predominante substituindo a hierática.[176]

Por volta do século I d.C., o alfabeto copta começou a ser usado juntamente com a escrita demótica. O copta é um alfabeto grego modificado com a adição de alguns sinais demóticos.[177]Embora os hieróglifos formais foram usados em contexto cerimonial até o século IV, no final apenas um pequeno grupo de padres ainda podiam lê-los. Como os estabelecimentos religiosos tradicionais foram dissolvidos, o conhecimento da escrita hieroglífica estava quase perdido. As tentativas de decifração são datadas do período bizantino[178] e para os períodos islâmicos no Egito,[179] mas apenas em 1822, após a descoberta da Pedra de Roseta e anos de pesquisa de Thomas Young e Jean-François Champollion, os hieróglifos foram quase totalmente decifrados.[180] A Pedra de Roseta foi escrita de três formas: em hieróglifos formais, em hierática e em grego.[175]

[editar]Literatura

A literatura do Antigo Egipto inclui textos de caráter religioso (como os hinos às divindades), mas igualmente obras de natureza mais secular, como textos sapienciais, contos e poesia amorosa.

A literatura apareceu pela primeira vez em associação com a realeza em rótulos e etiquetas para os itens encontrados em tumbas reais. Foi principalmente uma ocupação dos escribas, que trabalhavam para a instituição Per Ankh ou a Casa da Vida,[175] para os escritórios, as bibliotecas (chamadas Casas dos Livros), laboratórios e observatórios.[181] Algumas das peças mais conhecidas da literatura egípcia, como os textos das pirâmides e sarcófagos, foram escritos no egípcio clássico, que continuou a ser a língua da escrita até 1300 a.C.. Durante este período, a tradição da escrita evoluiu para o túmulo autobiográfico, como os de Harkhuf e Uni.

O gênero conhecido como Sebayt (instruções) foi desenvolvido para comunicar os ensinamentos e orientações dos nobres famosos. deste género destaca-se o Ensinamento de Ptah-hotep, que em trinta e seis máximas expõe as reflexões do seu autor (um vizir) sobre as relações humanas.

O Papiro Edwin Smith (ca. século XVI a.C.) descreve a anatomia e tratamentos médicos e está escrito em hierática.

O Papiro Ipuur, um poema de lamentações descrevendo catástrofes naturais e agitação social, é um papiro contraditório pois até o presente momento não se chegou a um consenso quanto a seu período, podendo ser um poema descritivo do Primeiro ou Segundo Período Intermediário.

A história de Sinué, escrita em egípcio médio, é um clássico da literatura egípcia,[182] contando as peripécias da personagem homônimo.[175] OPapiro Westcar também escrito neste momento, é um conjunto de histórias contadas a Khufu por seus filhos relatando as maravilhas realizadas pelos sacerdotes.[183] A Instruções de Amenemope é considerada uma obra-prima da literatura do Oriente Próximo.[184] Outras histórias famosa são o Conto do Náufrago (narra a história de um marinheiro que naufragou em uma ilha habitada por uma serpente), doPrincipe predestinado (narra a história de um principe amaldiçoado), dosDois Irmãos (história de vinganças causada pela mulher de um dos irmãos) e a Sátira das profissões (sátira realizada por escribas para mostrar os incomodos das outras profissões que não fossem o ofício de escriba).[175]

O egípcio tardio foi falado no Império Novo e está representado em documentos administrativos do período ramessida, poesias de amor e contos, bem como em textos demóticos e coptas. No final do Império Novo, a língua vernácula foi mais frequentemente empregada para escrever peças populares como a História de Unamón e a Instrução de Any. O primeiro conta a história de um nobre que é roubado em sua maneira de comprar o cedro do Líbano e de sua luta para retornar ao Egito. Durante este período papiros como o Papiro Cester Beatty I, Papiro Harris 500 e um fragmento do Papiro de Turim mostram um tipo de poesia amorosa, com temas de paixão e erotismo.

De cerca de 700 a.C., histórias narrativas e instruções, como a popular Instruções de Onchsheshonqy, bem como documentos pessoais e empresariais foram escritos em demótico. Muitas histórias escritas em demótico durante o período grecorromano foram definidas em épocas históricas diferentes, quando o Egito era uma nação independente governada por grandes faraós como Ramsés II.[185]

[editar]Cultura

[editar]Religião e práticas funerárias

[editar]Religião

Pendente em ouro de Osorkon II (XXII dinastia). O deus Osíris (ao centro) acompanhado pelo seu filho Hórus e esposa, Ísis, formando uma tríade.

Não existiu propriamente uma religião entre os egípcios, no sentido contemporâneo da palavra.[186] No entanto, crenças no divino e na vida após a morte foram enraizadas na antiga civilização egípcia desde seu início; o reinado faraônico foi baseado no direito divino dos reis.[187]O faraó era considerado o filho de (posteriormente fundido com Amon, tornando-se Amon-Rá).[188]

A cultura egípcia era impregnada de religiosidade e a versão oficial da história egípcia era de caráter religioso. Em períodos mais recentes, até a própria economia se organizava à volta dos templos - o que não significa, necessariamente, que se tivesse tornado mais religiosa, já que os templos não eram, possivelmente, muito diferentes de outros senhorios. fosse como fosse, o que é claro é que o padrão de secularização, que temos tendência a tomar por certo no desenvolvimento das sociedades, não estava presente. A instituição central da monarquia acabou por perder o seu carisma, mas noutros aspectos tornou-se, de forma nítida, em vários aspectos: o oficial, de que sabemos bastante, a esfera funerária, que está também bem representada, e as práticas cotidianas da maioria da população, separadas, em larga medida, do culto oficial e mal conhecidas.

Os egípcios eram politeístas e endeusavam forças da natureza e elementos do universo, vinculando os deuses a elementos cotidianos.[189] Cada cidade possuía um deus especifico, [188]no entanto, quando esta se tornava capital, consequentemente o deus local assim como o animal sagrado tornava-se o deus reverenciado por todo o império.[188] Os deuses egípcios podiam ser antropomórficos, zoomórficos ou mistos.[190] Contudo, os egípcios em momento algum acreditaram, por exemplo, que o deus Hórus, muitas vezes representado com um homem com cabeça de falção, tivesse de facto aquele aspecto. A associação dos deuses com determinados animais relacionava-se com a atribuição ao deus de uma característica desse animal (no caso de Hórus a rapidez do falcão). O mais importante na religiosidade egípcia não eram as crenças, mas o culto às divindades; assim, a religião egípcia preocupava-se mais com a ortopraxia do que com a ortodoxia.[186]

O Livro dos Mortos, um conjunto de textos que ajudavam o morto na sua viagem pelo mundo subterrâneo.

O panteão egípcio era habitado por deuses, que tinham poderes sobrenaturais e foram chamados para ajuda ou proteção. No entanto, os deuses não eram sempre vistos como benevolentes, e os egípcios acreditavam que tinham de ser aplacados com oferendas e orações. A estrutura deste panteão mudava continuamente como novas divindades sendo promovidas na hierarquia, mas os sacerdotes não fizeram nenhum esforço para organizar os diversos mitos da criação, por vezes conflitante, e histórias em um sistema coerente.[191] Estas várias concepções de divindade não foram consideradas camadas contraditórias, mas sim múltiplas facetas da realidade.[192] Os deuses eram ordenados e hierarquizados em grupos de três (tríades), oito (Enéades) e nove (Ogdóades).[186] Entre estes grupos podemos citar a Enéade de Heliópolis, a Ogdóade de Hermópolis e as Tríades de Mênfis, Tebas eElefantina.[186]

Entre os principais deuses podemos citar: Amon (rei de todos os deuses) e sua esposa Mut, Khonsu (deus da Lua, do tempo e do conhecimento, filho de Amon), Ptah (deus padroeiro dos artesãos) e sua esposa Sekhmet (deusa da guerra e da doença, esposa de Ptah),Nerfetum (deus da felicidade e dos perfumes, filho de Ptah) Khnum (deus das enchentes do Nilo, da criatividade e do vigor) e suas esposasAnuket (deusa das plantações) e Satet (deusa da sexualidade), Maát (deusa da justiça e verdade), Bés (deus protetor dos lares), Osíris(deus dos mortos) e suas irmãs Ísis (esposa de Osíris) e Néftis (esposa de Set), (deus do Sol), Hórus (filhos de Osíris), Anúbis (deus da mumificação), Tot (deus dos escribas), Bastet (deusa dos gatos, dançarinos e músicos), Serket (deusa da cura contra picadas e mordidas de animais venenosos), Sobek (deus dos crocodilos), Hathor (deusa do amor, alegria e música), Taweret (deusa protetora das mulheres grávidas), Set (deus do caos, das tempestades, do deserto e dos desastres), Hapi (deus do Nilo), Nun (deus das águas iniciais, o nada antes da criação de tudo), Atum (deus criador), Shu (deus do ar), Tefnut (deusa da umidade), Geb (deus da terra) e Nut (deusa do céu).[188][190][186][193] Ainda havia: os Filhos de Hórus (Hapy, Imseti, Duamutef e Kebehsenuef; personificavam os quatro jarros canópicos),Bat, Heqet, Apep, Heka, Amunet, Tatenen, Wosret, Sechat, Mafdet, Wepwawet, Meskhenet, Kuk, Resheph, Maahes, Wadj-wer, Menhit,Meretseguer, Uadjit, Montu, Min, Qebui, Sopdu, Mnévis, Serket, Pakhet, Sopdet, Nekhbet e Sokar.

Estátua Ka, uma espécie de alma que os egípcios acreditavam que existia, tanto nos homens, como nosdeuses.

Os deuses eram adorados nos templos de cultos administrados por sacerdotes em nome do rei.[193] Os templos eram tidos como a morada em terra dos deuses. No centro do templo, trancada em um naos ficava a estátua de culto do templo;[186] diariamente a estátua era lavada, perfumada, maquilada e alimentada pelos sacerdotes.[186] Os templos não eram locais de adoração pública ou congregação, e somente em dia de festas e comemorações foi selecionado um santuário para onde foi carregada a estátua do deus para a adoração pública.[193] As estátuas eram carregadas em procissões, à qual a população assistia;[186] durante o percurso actuavam músicos e cantores.[186] Normalmente, o domínio do deus estava isolado no mundo exterior e só era acessível aos funcionários do templo. Cidadãos comuns podiam ter estátuas de cultos privados em suas casas, e amuletos de proteção oferecidos contra as forças do caos. Após o Império Novo, o papel do faraó como um intermediário espiritual foi enfatizado como os costumes religiosos deslocados para dirigir a adoração dos deuses. Como resultado, os sacerdotes desenvolveram um sistema de oráculos para comunicar a vontade dos deuses diretamente para as pessoas.[186]

Os egípcios acreditaram numa vida para além da morte.[186] Em princípio esta vida estava apenas acessível ao rei, mas após o Primeiro Período Intermediário esta concepção alargou-se a toda a população.[186] Para aceder a esta vida era essencial que o corpo do defunto fosse preservado, razão pela qual se praticou amumificação.[186]

Os egípcios acreditavam que todo o ser humano era composto de parte física e espiritual ou aspectos. Além do corpo, cada pessoa tinha um šwt (sombra), um ba (personalidade ou alma), um ka (força vital), e um nome.[194] O coração, ao invés docérebro, foi considerado a sede dos pensamentos e emoções. Após a morte, os aspectos espirituais foram liberados do corpo e podem ser movidos à vontade, mas eles necessitam de restos físicos (ou um substituto, como uma estátua), como um lar permanente. O objetivo final do defunto era voltar a seu ka e ba e tornar-se um morto abençoado, vivendo como um akh, ou "unidade efetiva". Para que isso aconteça, o falecido tinha que ser julgado digno no Tribunal de Osíris, onde seu coração era pesado.[190] Se for considerado digno, o falecido poderia continuar sua existência sobre a terra em forma espiritual.[195] Se não, seria devorado por um monstro "devorador, uma mistura de leão,crocodilo e hipopótamo.[193]

[editar]Mumificação

Máscara funerária de Tutancâmon(Museu Egípcio do Cairo).

Os antigos egípcios mantiveram um elaborado conjunto de costumes de sepultamentos que acreditavam serem necessárias para garantir a imortalidade após a morte.[196][186] Estes costumes envolviam preservar o corpo por mumificação, realizando cerimônias fúnebres, e enterrando, junto com o corpo, as mercadorias para serem usadas pelo falecimento em vida após a morte.[186] Após a V dinastia, a mumificação, privilégio exclusivo para as classes abastadas do Egito, tornou-se acessível para toda a população, mesmo que de forma variada.[186]

Antes do Antigo Império, os corpos eram enterrados em covas no deserto, naturalmente preservados pela dessecação.[186]

O sepultamentos dos pobres era muito mais simples do que o da elite, pois não tinham condições financeiras para tal ato.[186] Os pobres rebeciam uma injeção de essências e vinhos corrosivos pelo ânus para dissolver os orgãos internos.[186] Após alguns dias, com os orgãos dissolvidos, o corpo era enfaixado com peles de animais para serem interrados no deserto para conservação por dissecação.[186]

Vasos canópicos da XIX Dinastia. Museu Egípcio de Berlim

Já os ricos tinham um processo diferente, a chamada mumificação artificial.[186] Primeiramente o cérebro era retirado por meio de uma pinça metálica pelo nariz.[186]Depois, as víceras (prática iniciada após a IV dinastia[197]) eram retiradas, mumificadas e depositadas em jarros canópicos.[186] O coração não era retirado.[186] Após a retirada dos órgaos o corpo era internamente lavado com vinho e substâncias aromáticas para depois ser preenchido com mirra e canela.[186] O corpo então era mergulhado em natrão (uma mistura de sais) por 70 dias.[186] Após este prazo o corpo era lavado e para receber resinas, aromas, perfumes, bandagem e pó de serra para depois receber uma marcara e também ser enfaixado com tiras de linho embebidas em goma.[186] Entre as tiras foram colocados amuletos de proteção.[186] Os corpos então eram depositados em sarcófagos de pedra ou madeira.[186] Durante o Império Novo tornou-se comum sarcófagos antropomórficos e, durante a XX dinastia a prática de decoração das tumbas foi alterada pela prática da decoração dos sarcófagos.[198] Múmias da Época Baixa também foram colocadas em sarcófagos com cartonagem pintada. Práticas de preservação real diminuíram durante as eras, ptolomaica e romana, enquanto a maior ênfase foi colocada sobre a aparência exterior da múmia, que foi decorada.[199]

Anúbis era o deus egípcio associado a mumificação e rituais fúnebres; aqui, ele atende a uma múmia.

O cortejo fúnebre se iniciava após a colocação do corpo dentro de seu sarcófago. O sarcófago era transportado por um carro de bois enquanto famíliares, amigos, sacerdotes e carpideiras contratadas o acompanhavam.[193] Ao chegerem ao lugar de interro começava-se uma série de rituais sendo o mais importante o da "Abertura da Boca".[193] Neste ritual, a múmia era retirada do sarcófago para ser segurada por um sacerdote com uma marcara de Anúbis.[193] Então o filho do morto ou então outro herdeiro se vestia com roupa de leopardo e, simbolicamente, com uma machadinha, fazia um corte que abria a boca do defunto para este recuperar o fôlego da vida.[193]Só então o corpo era depositado novamente no sarcófago para então ser enterrado.[193]

Egípcios ricos eram enterrados com maiores quantidades de itens de luxo, mas todos os enterros, independentemente do estatuto social, incluíam bens para o defunto. A partir do Império Novo, os livros dos mortos foram incluídos nos túmulos, juntamente com estátuas shauabti que, segundo as crenças, realizaram trabalhos manuais por eles em vida após a morte.[200] Enquanto a classe pobre do Egito era enterrada em covas rasas no deserto, a elite egípcia construia para si túmulos que podiam ser: pirâmides, hipogeus (túmulos subterrâneos cavados nos barrancos dos rio ou em enconstas de montanhas) e mastabas (túmbas de base retângular com salas para oferendas).[201] Como forma de proporcionar a senerinade do morto, os túmulos foram pintados com cenas da vida do morto.[186] Após o enterro, os parentes eram esperados para, ocasionalmente, trazerem comida para o túmulo e recitarem orações em nome do falecido.[202]

[editar]Mumificação animal

Outra prática muito comum entre os egípcios foi a mumificação animal.[203] Os animais mumificados podiam ser bichos de estimação, restos de animais para as múmias ou então podiam ser animais sagrados, divinizados por sua relação com os deuses.[203] Entre os animais embalsamados estavam gatos, vacas/touros, crocodilos, cães, burros, elefantes, peixes, gazelas, cavalos, íbis, leões, lagartos, macacos,carneiros, aves de rapina, escaravelhos, musaranhos, serpentes e pedaços de carne.[203]

Os animais eram preparados como as múmias humanas: seus orgãos poderiam ser retirados ou então dissolvidos, depois eram lavados interiormente com vinho e depois banhados em natrão para ressecamento e posteriormente eram envoltos com resinas para fixação das bandagens de linho.[203]

[editar]Ciência

Uma página do Papiro Ebers, uma espécie de enciclopédia médica egípcia.

Não se pode falar em ciência no Antigo Egipto (e em geral na Antiguidade) tendo como referência o conceito actual. O conhecimento entre os antigos Egípcios estava associado aos escribas, às classes sacerdotais e aos templos. Numa parte destes encontravam-se as "Casas de Vida" (Per Ankh), nome dado a uma área do templo que funcionava como biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam os textos de carácter médico, astronómico e matemático. Tendo em vista que a religião era um dos pontos no qual assentava a civilização do Antigo Egipto, a sua influência estende-se e mistura-se com a esfera do saber, que não surgia como autónoma.

A medicina foi a disciplina que mais se desenvolveu entre os egípcios, sendo famosa na Antiguidade, em particular entre os Gregos. A classe médica dividia-se entre médicos do povo e médicos reais; alguns médicos trabalhavam como clínicos gerais, enquanto que outros eram especialistas em determinada área. As escolas médicas mais famosas eram as das cidades de Heliópolis e a de Sais. Os remédios eram compostos por vários elementos, na maioria oriundos do reino vegetal, mas recorria-se também a elementos que do ponto de vista contemporâneo parecem estranhos, como os excrementos dos animais, o sangue de lagarto, dente de porco ou pó de natrão. Eram aplicados sob a forma de poção, pílula ou em cataplasma.

No campo das matemáticas, os egípcios utilizavam um sistema de cálculo baseado na mão (cinco dedos). A partir daqui vinham as dezenas, dando origem à numeração decimal que se tornaria a base da aritmética egípcia. Calcularam a superfície dos rectângulos e o volume da esfera, dando a pi o valor de 3,14. Conhece-se hoje em dia esta matemática graças ao Papiro Rhind e ao Papiro de Moscovo.

[editar]Arte

Busto de Nefertiti.

A arte do Antigo Egipto esteve fundamentalmente ao serviço da religião e da realeza. Esta arte obedeceu a cânones precisos ao longo dos seus três mil anos de existência, sendo desvalorizada a inovação.

Uma das regras mais importantes seguidas pelos artistas era a lei da frontalidade, segundo a qual na figura humana o tronco era representado de frente, enquanto que a cabeça, pernas, pés e olhos de perfil.

Do Império Antigo notabilizaram-se as pirâmides, mas também deve ser realçado o baixo-relevo e a pintura que já na época possuíam um elevado grau de perfeição. O Império Novo corresponde à era mais brilhante da arte, fruto da riqueza do Egipto durante este período. São desta época os templos de Karnak e Luxor e os túmulos escavados nas falésias do Vale dos Reis.

Durante o período de Amarna, que corresponde às inovações religiosas de Akhenaton, os artistas rompem com as antigas convenções e aproximam-se de uma arte que almeja o realismo, com representações de afecto entre membros da família real. O próprio Akhenaton é mostrado de uma forma diferente, com o crânio alongado e uma silhueta efeminada; não se sabe ao certo se esta particularidade na representação do faraó seria uma nova tendência artística ou o resultado de algum tipo de deformação congénita de Akhenaton. Foi no "atelier" do escultor de Akhenaton, Tutmés, que foi encontrado em 1912 o famoso busto de Nefertiti, uma obra inacabada.

As formas da arte figurativa egípcia - escultura, relevo e pintura - adquiriram caráter inconfundível por volta do início do período dinástico. Ao mesmo tempo que o nível das formas de arte decorativa e funcional, tais como obras de pintura de motivos, manufatura de vasos de pedra, escultura de marfim, mobiliário e trabalho em metal, era muito elevado, a arquitetura evoluía rapidamente de então em diante, continuando a desnvolver-se com o domínio de novos materiais e a introdução de novas formas. Desde o início, as obras de arte de vários gêneros constituem o mais importante legado do antigo Egito, legado este extraordinariamente homogêneo. As alterações na arte ao longo dos diferentes períodos refletem as alterações na sociedade clarificam-nas, embora a arte procure a sua inspiração mais noutra arte do que no mundo. A arte egípcia é superficialmente abordável, mas a outro nível, é muito estranha à arte ocidental.

Muito poucas obras egípcias foram criadas como "arte pela arte". Todas tinham uma função, ou como objetos de uso diário, ou, o que é mais comum entre os que se conservam, num contexto religioso ou funerário. Tem-se dito, por vezes, que não deviam ser designadas por "arte", mas não existe necessariamente contradição entre o caráter artístico de um objeto e a sua função. Poder-se-ia dizer que a qualidade artística de um objeto é o elemento estético adicional ao seu carater funcional. O estatuto da arte eípcia como "arte" no espírito dos egípcios era de grau diferente do da arte ocidental aos olhos dos ocidentais, mas não existe diferença fundamentais em espécie. De fato, os gêneros egípcios e ocidentais assemelham-se extraordinariamente. No Egito, tal como na sociedade ocidental, a arte é um importante foco de prestígio.

A escultura foi marcada pela escolha de materiais resistentes, como o basalto,o pórfiro, xisto,diorito e o granito. Algumas estátuas serviram um objectivo político, sendo colocadas diante dos templos para que o povo as visse, mas tinha sobretudo um objectivo religioso. Exprimem de uma maneira geral uma posição fixa, com os braços colados ao corpo (as estátuas egípcias influenciaram as estátuas gregas mais antigas sobre jovens, conhecidas como kouros). As estátuas que se achavam nos túmulos eram consideradas como uma espécie de corpo de substituição; o ka e o ba deveriam reconhecer o rosto onde habitavam, não sendo por isso relevante representar os defeitos do corpo. Algumas estátuas atingiam proporções grandiosas, como a Esfinge do planalto de Guiza e os Colossos de Memnon. Saliente-se ainda a invenção da "estátua-cubo" pelos Egípcios, na qual apenas a cabeça emerge do bloco de pedra.

A óbvia semelhança estilística entre a escultura, o relevo e a pintura baseiam-se, em parte, em técnicas que lhes são comuns. ondem existir razões mais fundamentais para os rígidos exitos da escultura, uma vez que esta característica se encontra quase tão espalhada pelo mundo como a representação a duas dimensões, sem perspectiva, mas tais razões não são claras. Qualquer que seja a resposta a esta pergunta mais geral, a continuidade e o desenvolvimento paralelo das duas formas são notáveis.

Quase todas as estátuas mais importantes representam uma figura que olha em frente, numa linha perpendicular ao plano dos ombros e cujos membros estão restringidos dentro dos mesmos planos. A maior parte das vezes encontra-se em repouso, sem estar ocupada em nenhuma atividade. A interação orgânica das partes do corpo quse não é indicada, de modo que as estátuas se assemelham a um "diagrama" a duas dimenões, formando um algomerado de partes separadas. A analogia sugere que este pode ser um aspecto básico da representação e não um elemento de estilo. Parte da semelhança entre os gêneros é devida à dependência da escultura em relação ao desenho, numa versão modificada da representação egípcia normal, a duas dimensões.

As principais exceções à geometria rígida são as cabeças que olham para cima, talvez para ver o sol, ou para baixo, como as estátuas de escribas, para olharem para um papiro desenrolado no colo. As figuras ajoelhadas, têm, por vezes, os músculos das pernas refletidos mostrando, ao que parece, que a sua pese é um gesto momentâneo da deferência. Pormenores como este, e leves indicações da coerência orgânica do corpo, são restritos às melhores obras, em que a rigidez normal é tomada como certa e suavizada, provavelmente por razões estéticas. Existem também algumas obras pequenas, sobretudo de madeira e de finais de 18ª dinastia, que se afastam das regras, representando rotações e contraposto, e mantendo apenas vestígios dos conjuntos normais de eixos de definição. Estas são importantes porque mostram que as formas estritas não eram as únicas de que os Egípcios dispunham.

Pintura de Nefertari no seu túmulo.

Nas artes parietais, o baixo-relevo e a pintura andam frequentemente associados. Durante o Império Médio o baixo-relevo surge pintado, enquanto que no Império Novo a pintura tornou-se uma arte autónoma. Os temas mais frequentes da pintura são os retratos de família, as batalhas, os deuses e as paisagens. A cor desempenhava nela uma função informativa: os corpos masculinos são pintados a vermelho-acastanhado e os femininos a amarelo.

É interessante notar que, quando homens comuns são retratados perto de divindades como o faraó, seus olhos são pintados para os lados, e não para a frente, uma vez que a figura sagrada do deus não poderia ser encarada de frente.

Em duas e em três dimensões, a base do trabalho do artista era o desenho preparatório. utilizavam-se grelhas quadradas e conjuntos de linhas de orientação, de modo a assegurar uma representação exata. Para o corpo humano, as grelhas baseavam-se, até à 26ª dinastia, num quadrado do tamanho do punho da figura a desenhar, que se relaciona proporcionalmente com todas as outras partes do corpo. Em teoria, a grelha tinha de ser desenhada de novo para cada figura de tamanho diferente, mas, na prática, as figuras de menos importância eram talvez, muitas vezes, desenhadas livremente. Os desenhos preliminares eram inscritos dentro das grelhas e transformados no produto final por um processo de correção e laboração, em váras fases. É evidente que os artistas trabalhavam em grupos, sendo, provavelmente, especializados em tarefas que realizavam.

[editar]Arquitetura

Templo de Abu Simbel, um dos maiores exemplos da arquitetura do Egito antigo.

A arquitetura do Egito antigo inclui algumas das estruturas mais famosas do mundo: a região dosGrandes Pirâmides de Gizé e os templos em Tebas. Vários projetos foram organizados, contruídos e financiados pelo Estado para fins religiosos e comemorativos, mas também para reforçar o poder do faraó. Os antigos egípcios eram contrutores qualificados, usando ferramentas simples mas eficazes e instrumentos de observação, os arquitetos egípcios podiam construir grandes estruturas de pedra com exactidão e precisão.[204]

As habitações da elite e de outras classes sociais egípcias foram construídas com materiais perecíveis, tais como tijolos barro e madeira e, consequentemente, não sobreviveram ao tempo. Camponeses viviam em casas simples, enquanto os palácios da elite eram estruturas mais elaboradas. Os poucos palácios sobreviventes do Império Novo, como aqueles em Malkata eAmarna, mostram paredes e pisos ricamente decorados com cenas de pessoas, animais, sacerdotes e desenhos geométricos.[205] Estruturas importantes, como templos e túmulos, destinados a durar para sempre, foram construídas de pedra, em vez de tijolos.

[editar]Pirâmides

No antigo Egito foram construídas centenas de pirâmides. As três grandes estão incluídas entre as Sete Maravilhas do Mundo antigo. Até hoje as pirâmides oferecem alguns mistérios para a nossa mente. Assim a moderna engenharia não conseguiu ainda explicar como foi, naquela época, conseguiu-se trazer blocos de pedras de 2 a 10 ou mais toneladas vindas de longe até odeserto onde se encontram as pirâmides. Mais complicado ainda se torna explicar como conseguiram carregar pedras sobre pedras até uma altura de 146 metros (a altura da grandepirâmide de Quéops). Outro segredo é explicar porquê as pirâmides foram construídas tendo seus lados rigorosamente voltados para os quatro pontos cardeais. Atualmente, milhares de pessoas no mundo inteiro acreditam num misterioso poder de concentração de energia e conservação dentro das pirâmides. Assim, não se estragariam determinadas coisas perecíveis que fossem colocadas no seu interior, na posição ocupada pela câmara do rei.

Para isso, com auxílio de uma bússola, é preciso orientar as bases de uma pirâmide na posição dos pontos cardeais. Acredita-se, também, em curas ou melhoras de saúde através do uso de uma pirâmide de cor azul (frequencia de corcom propriedades curativas) para isso, a pirâmide usada deve ter o mesmo ângulo da construção da pirâmide original, localizada no Egito e durante a aplicação no local doente, ela deve estar voltada para o norte geografico.

[editar]Templos

Os templos egípcios não eram como as igrejas de hoje. Eram grandiosos, de dimensões enormes, com um portão imponente e amplos pátios abertos. Eram sustentados por gigantescascolunas. Ao fundo ficava a estátua do deus local e nas laterais um pequeno número de outros deuses. Nas fachadas, estátuas colossais dos faraós que mandaram construir os templos. No interior dos templos viviam numerosos sacerdotes, com cabeça raspada e vestidos com um túnica. Do antigo Egito sobraram as ruínas de dois grandiosos templos, os de Lúxor e Karnak.

[editar]O legado do Antigo Egipto

O Dr. Zahi Hawass é o atual secretário geral do Conselho Supremo de Antiquidades do Egito.

Apesar da civilização egípcia ter terminado há dois mil anos, parte do seu legado continua vivo no mundo actual.

Os Egípcios possuíam um calendário de 365 dias e doze meses e já dividiam o dia em vinte e quatro horas. Algumas palavras da língua portuguesa, como alquimia, química, adobe, saco,papel, gazela e girafa, têm origens na língua egípcia. De igual forma, certas expressões, como "anos de vacas magras", são também de origem egípcia. As crianças do Antigo Egipto já brincavam a "macaca", tal como o fazem as crianças de hoje em dia, e os adultos apreciavam umjogo de tabuleiro, conhecido como Senet.

A nível arquitectónico, estão presentes no mundo contemporâneo certos elementos daarquitectura do Antigo Egipto como o obelisco, que os Egípcios consideravam como um raio do sol petrificado. Ele está presente em várias cidades mundiais, como Buenos Aires ou noMonumento de Washington nos Estados Unidos da América. Outras cidades possuem mesmo obeliscos que foram trazidos do Antigo Egipto (Place de la Concorde em Paris, Praça de São Pedro no Vaticano…). A construção piramidal, associada ao Antigo Egipto, encontra-se também em edifícios como a Pirâmide do Louvre deParis ou o Luxor Hotel de Las Vegas.

Alguns símbolos da alquimia são de origem egípcia, como a serpente ouroboros e a ave fénix. O papiro dos egípcios foi o antepassado dopapel dos nossos dias.

Mas será porventura no domínio da religião e da espiritualidade que o legado do Antigo Egipto está mais presente. Embora já não se veja na experiência religiosa de Akhenaton um monoteísmo puro nascido antes do monoteísmo dos Hebreus, não deixa de ser curiosa a semelhança entre versos do Grande Hino a Aton escrito por Akhenaton com o salmo 104 da Bíblia. Os Egípcios acreditavam na necessidade de levar uma vida pautada por uma conduta ética de modo a assegurar uma vida no Além, um conceito presente em várias religiões dos nossos dias. O relato da morte e ressureição do deus Osíris, lembra a própria morte e ressureição de Jesus Cristo, no qual assenta o cristianismo. A Igreja Copta, que reúne a maioria dos cristãos do Egipto, usa como símbolo a cruz ansata ou ankh, símbolo da vida no Antigo Egipto. Segundo Heródoto, os sacerdotes egípcios praticavam a circuncisão e dedicavam alguns dias do ano ao jejum, dois elementos que estão presente em religiões como o judaísmo e o islão. Para além disso, os movimentos esotéricos e ocultistas tem também o Antigo Egipto como referência, apropriando-se de elementos e símbolos desta civilização.

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